a vida é um quebra cabeça que falta peças
uma história de uma brasileira que não desiste nunca
Não sei se já falei aqui em algum momento, mas no ano passado descobri que gosto de montar quebra-cabeças. Tudo começou numa viagem a Maringá, durante um passeio despretensioso por uma loja de brinquedos infantis. Lá, encontrei um modelo pequeno na promoção por trinta reais. Achei que seria difícil, mas também uma forma divertida de fazer algo longe das telas. Eu levei — com fé de que meu marido me ajudaria.
Plot twist que já era esperado: ele não ajudou kkkkk. Mas foi incrível. Amei cada detalhe. Tive surtos de hora em hora durante a montagem, mas apesar de todos os desafios — (eu pensando “essa peça não existe, não tem nada que encaixe aqui, isso é impossível”) — eu completei. E foi ótimo. Me empolguei tanto que, no ano seguinte, coloquei como meta pessoal montar cinco quebra-cabeças. Queria mais momentos longe de telas, com uma atividade diferente e ainda com a vantagem de ter quadros decorativos pra pendurar depois.
Ninguém perguntou, mas cumpri a meta. 🎉
Só que a história de hoje é sobre outro acontecimento — com o meu querido e sofrido segundo quebra-cabeça. De novo, numa loja infantil, dessa vez procurando presente para meu sobrinho, me deparei com um desafio de mil peças e pensei: “Vou levar!!!” — animadíssima. Meu marido logo soltou um “isso vai ser impossível”, “se você conseguir montar, é expert”, blablabla. Mas eu fui confiante, me sentindo invencível.
Levei meses. M E S E S. E não só isso: não tinha espaço na mesa, então montei no chão mesmo, com dor nas costas e muita fé de que ainda terminaria no mesmo ano hahaha. (Até hoje, quando o modelo é grande, ainda acabo montando no chão. E percebo que estou ficando velha quando não consigo sentar direito ou levantar depois de horas torta.)
Mas vocês já imaginam o que aconteceu, né? O título do texto entrega… Sim. O quebra-cabeça não tinha uma peça.
Foi triste. Um surto puro do caos. Entrei em contato com a empresa Pais & Filhos sem muitas esperanças, e para minha surpresa… tive resposta!
“Esse modelo foi descontinuado, não conseguiremos ajudar no envio da nova peça.”
Veja bem, a empresa foi incrível. Me enviaram um quebra-cabeça novinho de presente (e eu amei cada pedacinho, me ajudou na meta da montagem). Mas o meu “Senhor do Bonfim” ficaria, pra sempre, com uma peça faltando.
Já falei em outros momentos que sou controladora e ansiosa. E montar um quebra-cabeça, pra mim, foi um baita exercício. Entender que eu não tenho controle de tudo. Que as peças vão se encaixando aos poucos, conforme você observa, entende a lógica — ou simplesmente aceita. Só que… eu não estava preparada para um quebra-cabeça sem peça.
Achei que surtaria. Mas, surpreendentemente, cheguei à conclusão de que estava tudo bem.
Afinal, não dava pra ignorar todo o processo até ali. Eu tinha montado o quebra-cabeça. Se faltou uma peça… paciência. A vida é assim mesmo. Nem sempre tudo se encaixa. Às vezes, falta alguma coisa, né? Mas isso não desmerece o caminho que você percorreu até ali.
E foi assim que descobri que a vida é um quebra-cabeça que falta peças e a gente tem que se conformar com isso.
O que eu fiz? Enquadrei meu quebra-cabeça. E na peça que faltou, desenhei um sorriso bem pleno. Porque até na falta, a gente pode ser feliz.
🧩 Nota de rodapé da adulta perdida: por favor, não se engane; esse texto não é um post de autoajuda com glitter. Se você acredita que “tudo acontece por uma razão” e que “a peça vai aparecer quando for a hora certa”… talvez esse texto não seja pra você. a gente romantiza só até o ponto de não enlouquecer, é só uma tentativa honesta (e levemente desesperada) de deixar minha vida menos caótica com uma peça faltando.
Amei muito esse texto!
amei o sorrisinho